terça-feira, 15 de março de 2011

texto de portugues: o vento

  O único da casa que encherga o vento é o cachorro.
Detém-se a porta do cozinha, rosnando para o patio ventado, cheio de latas inquietas e papeis decididamente malucos.
  E nos seus olhos fixos e rancorosos vê-se o desvario do vento, a incurabilidade do vento, os seus cabelos em corrupto, os seus braços que parecem mil, os seus trapos flutuantes de espantalho, toda aquela agitação causada e que ainda menos instavel, no entretanto, que a terrivel desordem da sua cabeça: pois o vento nunca pode assentar as idéias.
                                                          (Mario Quintana. Prosa e verso)
 

Nenhum comentário:

Postar um comentário